Outro dia estava em uma roda de violão, com alguns amigos, e uma menina de uns quatro ou cinco anos perguntou se eu sabia tocar o "Rebolation". Respondi que o "tio" só sabia tocar músicas e que aquilo não era música, era lixo. A mãe da mocinha ficou totalmente sem graça com o pedido da filha.
O que nossas crianças estão consumindo ? Eu, que sou da geração do Sítio do Picapau Amarelo, das canções de Vinícius e Chico Buarque para crianças, da trilha sonora da Vila Sésamo, fiquei realmente estarrecido.
Reza o ECA (com grifos nossos) :
Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.
Art. 71. A criança e o adolescente têm direito a informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos e produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Conclui-se portanto que se a mãe da criança quer ouvir lixo ao invés de música, tudo bem. É direito dela. Porém sexualizar precocemente a sua filha é um crime contra a infância, crime este que provavelmente não será apurado, nem apenado, pois ocorre no âmbito da vida privada, sem maiores consequências externas (a não ser claro, o constrangimento de passar o tipo de vergonha acima narrado). Deveria, todavia, esta mãe saber mais sobre as consequências de ordem social e comportamental que esse tipo de música pode acarretar para sua filha, algo que poderá provocar nefastas situações na adolescência e na vida adulta, além de um péssimo gosto musical, embora esta última seja apenas uma opinião própria deste escriba.
4 comentários:
É isso aí, professor. Acontece a mesma coisa com as crianças que usam salto, baton, maquiagem. Cresci ouvindo Marisa Monte, Chico Buarque e Caetano Veloso. Espero proporcionar o mesmo aos meus filhos e que eles não sejam contaminados por essas atitudes, que são cada vez mais comuns na nossa sociedade.
Cara Patrícia, obrigado por suas participações. Continue acessando e contribuindo com seus comentários sempre pertinentes.
Graças ao Bom Cristo eu tive uma infância saudável nos meus anos 80 dourados...
Me associo a você, professor!
Abraço!
PS.: Eis o meu espaço (AlibiJus), espero sua visita e, quem sabe, o teu comentário.
Pois é, nos anos 80 ainda havia material de qualidade. Mas na verdade estou sendo um pouco injusto. Não podemos ignorar que o que ocorreu não foi um esvaziamento das fontes de cultura para crianças, pois existe material de qualidade sendo produzido para o público infantil. O que estamos assistindo é a um processo de estupidificação dos pais. Isso é o mais grave.
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