quarta-feira, 15 de julho de 2009

CPI da Pedofilia apura denúncias de abusos


A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia ouviu nesta quarta-feira (15) o depoimento de Sérgio Teixeira Duarte e Liliana Alvarenga M. de Castro Duarte. Eles acusam a sobrinha, Júnia Fonseca Duarte, e seu namorado, Fernando Luiz Mattos da Matta - o conhecido DJ Marlboro -, de terem abusado de sua filha de 4 anos.
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Sérgio e Liliana moram em Belo Horizonte (MG). A menina foi para o Rio de Janeiro (RJ) passar alguns dias na casa do tio, Luiz Teixeira Duarte, irmão de Sérgio e pai de Júnia, em março do ano passado. De acordo com os pais, Júnia, que é madrinha de batismo da menina, insistia muito para que ela fosse à casa dos pais e pagou a passagem de avião para que ela fosse.
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Os pais relataram que não era sempre que conseguiam falar com a filha, durante o período em que ela esteve no Rio. Os parentes alegavam que ela estava fora, ou brincando, ou dormindo, ou que simplesmente não queriam falar com eles. Decorridos dez dias, a menina manifestou saudade da mãe, em uma conversa telefônica. Liliana então foi buscá-la de carro.
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A mãe conta que, assim que viu a menina, notou que ela estava arredia. Depois, observou diversas mudanças no comportamento da filha, que passou a agir de modo estranho, com atitudes, gestos e palavras de natureza sexual, completamente incompatíveis com a idade da criança. Ainda de acordo com a mãe, ao ser questionada, a menina de 4 anos chorou muito e relatou em detalhes os diversos abusos físicos, psicológicos e sexuais que teria sofrido na casa dos parentes.
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O presidente da comissão, senador Magno Malta (PR-ES), disse ter ficado "pasmado" com o relato do pai e da mãe da menina.
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Ao começar a suspeitar que a filha sofrera abuso, a família então procurou o Ministério Público e registrou queixa-crime contra a sobrinha. Sérgio relatou que o irmão, quando soube que ele entraria com uma queixa-crime contra a sobrinha, lhe telefonou pedindo que o assunto fosse resolvido em família. Disse, segundo Sérgio, que pagaria por todo o tratamento que fosse necessário.
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Tal declaração foi considerada quase uma confissão de culpa pelo presidente da CPI, que mencionou a possibilidade de chamar Luiz Teixeira Duarte para depor.
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A família chegou para o depoimento acompanhada de advogado, que disse que eles não falariam perante a CPI. Isso causou grande indignação do presidente da comissão. Magno Malta lembrou que a família primeiramente mandou uma carta, depois o procurou durante importante depoimento que ele tomava na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
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O senador alegou também que a família já havia feito declarações em programas da televisão, mas que agora, depois que a CPI havia pago a passagem para todos, resolviam não falar. Ele suspendeu a sessão e os pais voltaram depois, dispostos a falar, mas sem a companhia do advogado.
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A CPI ouviu também nesta quarta-feira o depoimento de Geraldo Henrique Correa, dirigente do Instituto Pró-Cidadania de Catanduva (SP). Magno Malta o apresentou como um dos denunciantes dos casos de pedofilia investigados pela CPI naquela cidade paulista. O depoente se disse perseguido pelo promotor da cidade e pelo presidente da câmara dos vereadores, que entraram com processo contra ele sob a acusação - que ele nega - de ter utilizado de aparelhos da casa legislativa da cidade para divulgar fotos dos acusados de terem cometido pedofilia.
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Geraldo Henrique Correa disse que, graças a essa perseguição, perdeu o cargo de assessor parlamentar que ocupava, assim como verba que recebia da prefeitura para manter os cursos oferecidos pela instituição que dirige. Disse que isso o deixou sem meios de cuidar das crianças carentes da cidade e até mesmo de se sustentar. Ele pediu ajuda ao presidente da CPI.
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Magno Malta afirmou que iria pedir a amigos da seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que designassem um advogado para defendê-lo das acusações do promotor e do presidente da Câmara, mas que pouco mais poderia fazer. O depoente então perguntou se poderia dar uma sugestão, e ofereceu-se para trabalhar na CPI. Magno Malta negou, sob o argumento de que a CPI não teria meios de sustentá-lo.
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José Paulo Tupynambá / Agência Senado

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